Recentemente descobriu-se que a esquizofrenia foi beneficiada pela evolução. Traduzindo: o gene responsável pelo distúrbio psicótico que causa a doença desenvolveu-se no genoma humano, ao invés de ter sido combatido e erradicado como aconteceu com tantos outros, responsáveis por tantas outras disfunções cerebrais ao longo da história evolutiva.
Os sintomas da esquizofrenia são muito semelhantes às características de comportamento dos fanáticos religiosos. Não é surpresa pra ninguém que tal comportamento seja impulsionado por um distúrbio psicótico. Crer em idéias irracionais, imaginar-se alvo de perseguição ou acreditar-se deus; sofrer alucinações sensoriais, proferir discursos e pensamentos desorganizados... ter o comportamento alterado e encontrar-se incapaz de ajustá-lo ao ambiente.
Quando pensamos, no entanto, que a esquizofrenia de fato acompanhou a evolução, dúvidas maiores vêm à tona. Seria a esquizofrenia algo mais do que uma simples psicose? Por que a maioria dos esquizofrenicos tende a voltar-se à religião... ou à arte? Teria a esquizofrenia sido o fator que levou o homem a inventar deus? Ou ainda mais dramático: seria a esquizofrenia responsável pela evolução humana, por termos chegado onde chegamos, por termos nos diferenciado do resto dos hominídeos e, até mesmo, do resto do reino animal? E, finalmente, seria a humanidade a simples transcrição de um distúrbio psicótico?
Se seguirmos tal linha de raciocínio, nos encontraremos obrigados a creditar à esquizofrenia manifestações exclusivas do cérebro racional, como arte, amor, ciência. Partindo desse ponto de vista, não seria incorreto assumir que os sintomas da doença em questão nada mais são do que manifestações do cérebro em evolução e, radicalizando um pouco mais, que quanto mais evoluído o cérebro, mais psicoticamente ele se comportará, considerando que a doença historicamente só evoluiu.
Agora, se eliminarmos completamente todas as algemas da ciência, seria plausível dizer também que manifestações cerebrais consideradas psicóticas poderiam se tratar de novos recursos de cérebros evoluídos, aos quais nosso nível de consciência corrente ainda não está adaptado, tornando sua compreensão uma tarefa impossível.
Vamos pensar sobre a telepatia. E vamos, então, associa-la a todos os sintomas conhecidos da esquizofrenia. Eureka! Milhares de cérebros se comunicando minuto a minuto sem que nenhum deles esteja consciente de tal comunicação. Alucinações sensoriais, memórias de eventos que nunca ocorreram... com o indivíduo que alucina. Obviamente, credita-se tudo a deus. Ou ao diabo. Bom...
Sem as algemas da ciência podemos ir ainda mais longe.
Morte.
Após esta longa e irrequieta reflexão sobre minha própria condição imagino se a morte não seria realmente o que pregam as religiões ao redor do globo: a simples falência da carne. O que sugere que a consciência pode perfeitamente continuar viva, vagando à procura de um cérebro psicótico para aninhar-se, pulando de um para outro, dando a estes desavisados indivíduos a vantagem de alucinarem, carregando quantidades infindas de informação valiosa, preciosa, enquanto se debatem em suas macas, atados por suas camisas de força.
setembro 05, 2007
Esquizofrenia
>
Unknown
>
8:18:00 PM
setembro 01, 2007
Pra Baixada
De trem pro subúrbio
Vítimas em jardas
O tempo todo todo o tempo
Sem parar
Nos trilhos da memória de Deus
O homem continua tentando
Ir levando
Ver beleza no asfalto barreado
Muito longe lá de baixo
Do mar maravilha
Do alcance do Redentor
Meu povo escuro
Suado
Cansado
Feliz
Basta o teto e o pão
E a nêga pra esquentar o coração

---
Dedicado às vítimas do acidente com o trem da Central em 30/08/2007, em Nova Iguaçú, RJ
>
Unknown
>
10:39:00 AM
agosto 31, 2007
agosto 22, 2007
The brain, the body, and the soul
We are all about the brain. And still we can't figure out how we got here… what made us what we are. The more we advance in technology, the more we step back in knowing who we are. The more we create intricate inventions, the less we know about the intricacy of our own biology (look at all the new diseases). Nevertheless, all that matters is that we are walking bone boxes covered with nerves and muscles and filled with meat. In constant evolution.
And there is the brain, believed to be responsible for the same evolution, bringing up the idea that with it we can actually be more than just a meaty carcass. The brain is the boss, the commander of a productive movement factory who’s goal is to survive through a bunch of simple actions such as feeding, evacuating, and sleeping.
But the brain is tricky. It has soul.
And the soul is wily. The soul always wants more than she already has. So the soul tricks the brain into sabotaging the survival of the meaty carcass. The ungrateful soul works against the body that embraces her just so she can be free. And to keep her appealing-to-the-body look the soul disguises herself as many seductive characters and then she gives them fancy names like Esthetics... or Beauty... or Religion.
But the brain happens to have a secret, one that it made sure to keep from the soul. It has the ability to create its own fancy-named deceiving characters. The tricky brain called them Art... and Love... and Science. Now and then the tricky brain with its little doses of magical substances puts its characters into action making the body react and rebel against the mean soul.
The soul, really desperate, invents craziness, a humble form of freedom. And the brain, in revenge, invents the mental institution. And now the soul is trapped into the body which is trapped into the mental institution. Few outbreaks later the body created cancer and set itself free.
And thus mankind was totally sabotaged by its own nature. At the end of the day this is what we really are:
and nothing more.
I'm sorry, what? The brain? Oh! Yes, off course, I almost forgot. The brain was bottled for research purposes. And the soul bursts into laughter, insanely, up the long halls of any given mental hospital of the empty existence.

>
Unknown
>
10:57:00 AM
agosto 19, 2007
Tô tentando...
Tento compreender os seres, embebidos em suas certezas, julgamentos, falta de assunto.
Tento compreender o deslumbramento com tudo que é novo. E o pânico de tudo que é consistente.
Tento compreender por que as pessoas se frustram quando fitam espelhos e por que o jardim do vizinho parece ser sempre mais charmoso.
Tento compreender o repúdio ao trabalho mental que é evoluir e o despeito por quem se dá ao trabalho.
Mas acima de tudo eu tento compreender o que há de tão interessante em se viver nesse lodo existencial que é nunca nadar contra a maré.
>
Unknown
>
9:22:00 AM