abril 28, 2008

a poeira se sacode

cansada

exausta

estafada

pronta

chamando para proxima fase

a vida se da continuidade

novos personagens

contrata-se

abril 11, 2008

Células-tronco (entenda do que se trata)

Ensopado de célula-tronco

Estive debatendo na net sobre a legitimidade moral da pesquisa com células-tronco. Não é segredo pra ninguém a minha linguazinha ferina e o meu sedento desejo por uma boa e longa discussão, daquelas que leva todos à loucura, que faz as pessoas levantarem da mesa e andarem pela famigerada cozinha (sempre o melhor palco para tais eventos), em busca de mais uma lata de cerveja pra refrescar as idéias.

Em termos gerais, é sempre bom engajar discussões produtivas e se permitir ser transformado por elas. Fico honestamente extasiada toda vez que me deparo com um ponto de vista completamente novo, com uma perspectiva jamais imaginada pelo meu cabeção em conflito. Me deixo levar com gratidão pelas divagações geradas nessas cozinhas da vida, onde alimento a alma com o exercício do cérebro. Ah! Que prazer estar viva!... Mas, infelizmente, e era de se esperar, nem todas as cozinhas têm fartura de idéias.

De todos os temas de que se pode falar a respeito, a ciência é o que mais me atrai. Nunca parei pra pensar no porque, mas talvez seja por não haver limites ou barreiras para tal assunto. Tudo pode ser argumentado com base científica, ainda que nem tudo possa ser explicado. Well, que seja. Afinal de contas não há nada mais chato do que ter certeza de tudo, nada mais frustrante do que não duvidar, não desconfiar, não discordar e não tentar compreender tudo outra vez, do começo.

A ciência é tão versátil que explica até mesmo os mitos e a necessidade dos sapiens-sapiens em criá-los. A nossa suculenta ciência explica inclusive a necessidade dos sapiens-sapiens em tomá-los de forma literal. Ainda bem porque as vezes é dificil pacas compreender determinados indivíduos e suas razões. Ou percepções. Ou falta delas. Ou se Deus existe e é perfeito então por que ele criou gente tão estúpida? "Cala a boca, Joãozinho, e presta atenção no sermão do pastor." To prestando, mãe!...

Resquícios esquizofrênicos.

Voltemos à cozinha. Hoje preparamos um delicioso ensopado de célula-tronco. A célula-tronco, como vocês sabem (ou pelo menos deveriam saber), é um ingrediente muito versátil que pode substituir qualquer ingrediente em qualquer prato. A célula-tronco é um milagre que os seres inteligentes desenvolvidos neste planeta descobriram graças a anos de trabalho e pesquisa ininterruptos. E patrocinios de governos e instituições, infelizmente, compostos por seres nem tão inteligentes e de paladar oleosamente duvidoso.

Vamos à ciência... da discórdia.

A religião vem ao longo da história da humanidade impedindo o progresso não só da ciência como um todo, mas também de setores específicos, como é o caso da medicina. Século após século, líderes religiosos criam discussões retrógradas para desviar a atenção da sociedade da legitimidade da evolução das espécies, utilizando a Bíblia/Koran/Tora como base de seu argumento, cada vez mais insustentável, de que a teoria de Darwin (ou qualquer outra evolutiva) não passa de ficção. Eu sei, eu sei... soa como piada, mas não é. Mitos milenares são aceitos como verdade absoluta, um conceito por si só retrógrado, numa tentativa de mascarar, primeiro, a fragilidade das instituições religiosas como símbolo de poder e, finalmente, sua certa derrocada. Como manter fiéis crendo na teoria edéica quando cientistas acabam de comprovar que pássaros carregam em seu DNA a informação genética para o desenvolvimento de dentes e longas caudas? A algumas proteínas de distância estão os pássaros modernos dos dinossauros.

Peço perdão aos cristãos (judeus, muçulmanos...), mas o meu cérebro de primata não compreende como a idéia de que um ser supremo, habitante do espaço sideral (?), utilizando de um punhadinho de barro, uma baforada e uma costela para criar a humanidade seja mais plausível do que a idéia de que a nossa genética é inteligente e capaz de evoluir de uma espécie para outra. Ainda mais quando os traços da nossa evolução através das espécies estão gravados no nosso DNA e podem ser facilmente provados, comprovados e retraçados, com um simples telescópio e uma reles manipulação de proteínas.

Para aliviar a tensão, vou abandonar a ciência brevemente e focar em fontes de informação menos complicadas, se é esse o caso. Grupos sociais. Se não é que desde o antigo Egito a religião desencadeia guerras, colonizações, genocídios (perdoe a redundância) e tantas outras merdas elevadas à máxima potência da capacidade de embecilização humana. Profetas de Amon, adoradores de Aton... e eis Akhen Aton assassinado, Nefertiti desaparecida, Tut Ankh Amon sacrificado. E eis os mesmos modelos religiosos da Antiguidade adaptados e rebatizados. E eis Cristo crucificado.

A busca desesperada do homem por salvação é o que o vai condenar.

Só pra binladear um pouco o clima, J I H A D ! Saúde!

(Não, não. Não vou entrar na questão dos impérios da atualidade. Esse é tema pra uma dissertação futura. Já a preparo há alguns anos. Ainda me falta certa incrementação do banco de dados para tal, sendo este de natureza mais amorfa, conflitiva, menos linear em sua ciência. Algumas outras viagens são necessárias para dar vida a este raciocínio, algumas outras saidas de mim e voltas pelo planeta.)

O ensopado está cozido. As células estão servidas. Mas não confunda cú com bunda. O indivíduo se caracteriza pelo todo. Não se pode ter um coquetel de desmembramento e considerá-lo como indivíduo. Assim como não se pode considerar um bando de células em fase de pré-formação orgânica como um indivíduo vivo. Nos afogaremos na poça da estupidez se o fizermos.

A formação do organismo é o que define o princípio da vida. De outra forma, da vida de quem estaríamos falando? Da célula? (OH! Meu deus! Cometemos homicídio todos os dias quando exfoliamos o rosto para nos livrar das células já com o pé na cova. Eutanásia!) Um bolo não é um bolo até que todos os ingredientes sejam integrados por um processo de cozimento lento. Sem tal integração, podemos combinar os ingredientes através de diversos processos e formas diferentes e, a partir daí, criar algo novo e distinto da idéia original de bolo. Um rocambole talvez, que é um bolo em essência, mas moldado para ser algo diferente, talvez com menos ovos e mais frutas cristalizadas, enrolado em uma calda de cassis e polvilhado com coco ralado. Lhe apetece? Huuummmm!

Comam, famintos por respostas. Lambuzem-se em suas dúvidas infindas. Elas os mantém vivos.

Acabou a festa. Hora de fechar a cozinha e degustar uma taça de vinho branco barato enquanto amplio o banco de dados daquele outro assunto.

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abril 10, 2008

perspectiva

 

as belezas que o suicida e mais ninguém vê

quando chega a hora de colocar o ponto final

na estória

 

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