julho 31, 2007

julho 30, 2007

Colônia


aconteci na colônia
em reação agressiva
em postura incômoda

eu não sou
quem você pensa
como você quer
como você

o que está disponível não me basta
meu lugar cativo
é do outro lado do balcão

chega de acrobacias
é preciso mais que prazer pra me fazer gemer
meu espírito dói, coça
o seu vazio me enche o saco

o mesmo cenário confortável
e ainda o mesmo script
você continua trocando os atores

falamos línguas distintas
eu não sou fluente em mímica
abortando comunicação...
abandonar caravela


muda, saio de seu universo surdo



_eu gosto de imagens_em movimento_progressivo_
aperta o play_desliga o microfone_olha pra mim_

julho 15, 2007

London in a black cab

Londres, uma paz, um silêncio, uma ausência de latas de lixo e, ainda assim, ausência de lixo... e câmeras... cameras por todo lado.

Zoológico humano. Mulheres indianas sensuais, afegãs misteriosas por de sobre suas burcas, alemãs inquietas, brasileiras folgadas, londrinas polidas.

Em Buckingham, todas as espécies se unem, em um só amontoado de câmeras digitais vazando de black cabs superfaturados.

E mais indianos.

As pessoas caminham pelos gramados perfeitos do reino, conscientes do olho que tudo vê, satisfeitas, jovens. Nas cãs da monarquia, velhos não transitam pelas vias públicas.

A rainha em seu chapéu de diamantes se oculta. 22 horas. Toque de recolher. As câmeras com lentes infra-vermelhas observam os rebeldes que permanecem fora de casa. O controle da ordem é a verdade.

Suspeito. Calho de estar lendo "1984".

julho 03, 2007

Na banguela

Eu me debato e, em desespero, espero. aquieto por falta de opção. e desejo que tudo fosse diferente, que eu estivesse diferente, que tivesse mudado. que meus erros não fossem mais meus, que ficassem no passado junto com tudo que eu deixei pra trás por não conseguir encarar quem eu sou. e hoje eu olho pra mim e reconheço todos os danos que causei e que me foram causados e tudo que me foi negado e tudo que eu neguei a quem amei por eu ser quem eu sou. eu hoje olho pra mim e não mais espero. parece que tudo já chegou, que quem tinha que partir já foi, que o que eu tinha que fazer já está pronto. esse turbilhão na cabeça, no coração, inexplicável, massacrante, constante. descobri o que estava escondido e agora tenho que lidar com a ciência da minha auto-insatisfação, da minha expressão deficiente, das minhas boas intenções que não acham meio de encontrar continuidade, do meu eu partido no meio que sangra no chão enquanto vejo a vida na horizontal, lenta, envelhecendo sozinha. tenho vontade de voltar a tudo, de voltar em tudo. tenho vontade de voltar pra onde eu via tudo grande, inalcansável. pra onde eu acreditava em heróis, pra quando eu ansiava por sua volta simplesmente porque sabia que voltariam. tenho vontade de voltar à época em que meus heróis podiam voltar pra casa.