outubro 09, 2007

O cérebro, o corpo e a alma

Tradução de "The brain, the body and the soul",
postado em 22.08.07

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Nós somos puro cérebro. E ainda assim não conseguimos descobrir como nós chegamos aqui… o que fez de nós o que somos. Quanto mais avançamos em tecnologia, mais regredimos em conhecimento sobre nós mesmos. Quanto mais invenções intrincadas criamos, menos sabemos sobre a intricância da nossa própria biologia (veja todas as novas doenças). No entanto, tudo o que importa é que nós somos caixas de ossos ambulantes, cobertas de músculos e nervos e recheadas de carne. Em constante evolução.





E há o cérebro, que se crê ser responsável pela mesma evolução, trazendo à tona a idéia de que com ele nós podemos ser mais do que reles carcaças carnudas. O cérebro é o chefe, o comandante de uma produtiva fábrica de movimento cujo objetivo é sobreviver através de um punhado de ações simples, tais como alimentação, evacuação e sono.

Mas o cérebro é traiçoeiro. Ele tem alma.





E a alma é tinhosa. A alma sempre quer mais do que ela tem. Então a alma engana o cérebro, levando-o a sabotar a sobrevivência da carcaça carnuda. A ingrata alma trabalha contra o corpo que a abraça só porque ela quer ser livre. E para manter sua aparência atraente para o corpo, a alma se disfarça de vários personagens sedutores e dá a eles nomes chiques como Estética... ou Beleza... ou Religião.




Mas acontece que o cérebro tem um segredo, um que ele fez questão de esconder da alma. Ele tem a habilidade de criar seus próprios personagens enganadores com nomes chiques. O cérebro traiçoeiro os chamou de Arte... e Amor... e Ciência. De vez em quando, o traiçoeiro cérebro, com suas pequenas doses de substâncias mágicas, põe seus personagens em ação, fazendo o corpo reagir e se rebelar contra a alma.




A alma, realmente desesperada inventa a loucura, uma humilde forma de liberdade. E o cérebro, por vingança, inventa a instituição psiquiátrica. E agora a alma está presa dentro do corpo que está preso dentro da instituição psiquiátrica. Surtos depois, o corpo inventou o câncer e se libertou.


E assim a humanidade foi totalmente sabotada pela sua própria natureza. No final das contas, isso é tudo que nós realmente somos:



e nada mais.


Perdão, o que? O cérebro? Ah! Claro, eu ia esquecendo. O cérebro foi engarrafado para fins de pesquisa. E a alma gargalha surtada pelos longos corredores de um hospício qualquer da existência vazia.